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“Não me tirem a Coca-Cola Zero”. Produtos com aspartame serão retirados do mercado?

14 Jul 2023 - 12:09
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“Não me tirem a Coca-Cola Zero”. Produtos com aspartame serão retirados do mercado?

É oficial. O adoçante artificial aspartame – que é utilizado, por exemplo, em vários produtos “diet”, “light” e “zero açúcares” – foi considerado “possivelmente cancerígeno” pela Agência Internacional de Investigação (IARC) sobre o Cancro da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Embora o anúncio formal tenha acontecido pouco antes da meia-noite desta sexta-feira, a agência noticiosa Reuters já tinha avançado o cerne da decisão no final de junho. Desde então, os adeptos dos produtos “zero açúcares” têm partilhado, nas redes sociais, um apelo direto: “Não me tirem a minha Coca-Cola Zero”. 

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Mas deverão estes consumidores ficar preocupados com a possibilidade de os refrigerantes com aspartame saírem das prateleiras do supermercado?

Produtos com aspartame serão retirados do mercado?

Não, os produtos com aspartame não serão retirados do mercado na sequência da declaração da OMS sobre o eventual potencial cancerígeno deste adoçante artificial.

A Agência Internacional de Investigação da OMS anunciou, esta quinta-feira, que o aspartame passaria a ser classificado como “possivelmente cancerígeno para os seres humanos”, enquadrando este aditivo no grupo 2B do seu sistema de classificação, dado que as evidências sobre o potencial cancerígeno do aspartame para seres humanos são “limitadas”.

Quando uma substância é enquadrada neste grupo do sistema de classificação da força da evidência científica do IARC, significa, por norma, que “existem evidências limitadas, mas não convincentes” do seu potencial cancerígeno em seres humanos ou “provas convincentes” do seu potencial cancerígeno em ensaios com animais “mas não em ambos”, esclarece a OMS.

Além disso, o comité misto de peritos da Organização Mundial da Saúde e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (JECFA, na sigla inglesa) não alterou o limite diário de aspartame. Mantém-se, por isso, “a dose diária aceitável de 40 mg de aspartame por quilo de peso corporal”, e não há nenhuma recomendação destas entidades para que os produtos com este edulcorante sejam retirados do mercado.

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“As avaliações do aspartame indicaram que, embora a segurança não seja uma grande preocupação nas doses habitualmente utilizadas, foram descritos efeitos potenciais que devem ser investigados através de mais e melhores estudos”, sublinha Francesco Branca, Diretor do Departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS.

Segundo o texto explicativo publicado no site da OMS, estes dois organismos “realizaram análises independentes mas complementares para avaliar o potencial perigo carcinogénico e outros riscos para a saúde associados ao consumo de aspartame”.

Depois de uma revisão da literatura científica disponível sobre a matéria até à data, “ambas as avaliações encontraram limitações nas evidências disponíveis” sobre o potencial cancerígeno do aspartame, lê-se no mesmo texto.

Segundo a mesma fonte, o JECFA concluiu, por isso, “que os dados avaliados não indicavam qualquer razão suficiente para alterar a dose diária admissível anteriormente estabelecida para o aspartame” e reafirmou ser “seguro” uma pessoa consumir produtos com aspartame “dentro deste limite diário”.

Para exceder a dose diária recomendada – e tendo como referência uma lata de refrigerante “diet”, “light” ou “zero” com 200 ou 300 mg de aspartame -, um adulto de 70 kg “teria de consumir mais de 9-14 latas por dia para exceder a dose diária aceitável, assumindo que não há ingestão de outras fontes alimentares [de aspartame]”, explica a OMS.

Noutro plano, sublinha-se no mesmo texto, “as classificações da IARC refletem a força das provas científicas sobre se um agente pode causar cancro nos seres humanos, mas não refletem o risco de desenvolver cancro a um determinado nível de exposição”.

Os peritos das várias entidades envolvidas no processo sublinham, contudo, a necessidade de mais e melhores estudos sobre o potencial cancerígeno do aspartame e sobre os possíveis impactos deste aditivo na saúde.

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“O IARC e a OMS continuarão a monitorizar novas evidências e a encorajar grupos de investigação independentes a desenvolver mais estudos sobre a potencial associação entre a exposição ao aspartame e os efeitos na saúde dos consumidores”, conclui a OMS.

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Categorias:

Alimentação

Etiquetas:

Aspartame | Cancro | OMS

14 Jul 2023 - 12:09

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